Terça-feira, 26 de Setembro de 2006
Um dia, gastos, voltaremos
A viver livres como os animais
E mesmo tão cansados floriremos
Irmãos vivos do mar e dos pinhais.
O vento levará os mil cansaços
Dos gestos agitados irreais
E há-de voltar aos nosso membros lassos
A leve rapidez dos animais.
Só então poderemos caminhar
Através do mistério que se embala
No verde dos pinhais na voz do mar
E em nós germinará a sua fala.
Sophia de Mello Breyner
Sexta-feira, 15 de Setembro de 2006
Sharia , assim se denomina a lei islâmica que todos os anos condena à morte centenas de inocentes, pessoas que cometeram um único crime, o de amar. Não são poucas as vezes que ouvimos falar de jovens mulheres que são condenadas à morte por apedrejamento. Na memória de muitos está Amina Lawal Kurami , uma nigeriana de 30 anos, divorciada e mãe de 3 filhos que foi condenada à morte por lapidação por ter engravidado após se ter divorciado. Segundo o código penal da lei Sharia , uma gravidez fora do casamento constitui prova evidente de adultério.
Felizmente para Amina , a intervenção da Amnistia Internacional e de outras entidades permitiram que fosse absolvida, permitindo que os seus filhos continuem a ter todo o carinho e amor que só a mãe lhes pode dar.
No entanto, nem sempre se consegue intervir a tempo de salvar um condenado a uma pena tão desumana e irracional. Os que não são absolvidos são executados seguindo os procedimentos decretados por esta lei. Relativamente a isto, a sharia esclarece que uma mulher adúltera deve ser enterrada até ao pescoço ou até à zona do tórax , devendo proceder-se depois ao apedrejamento. E quem executa a sentença? Esta tarefa cabe aos moradores da cidade, vizinhos e familiares da parte ofendida. Estes executores devem ter o cuidado de não utilizar pedras muito grandes (porque matam rapidamente), nem muito pequenas (prolongam demais o suplicio). Enquanto se procede à lapidação devem ser entoados versos religiosos.
Apesar de todos os esforços da comunidade internacional esta é uma pena que continua a ser aplicada em vários países e, ao contrário do que muitos poderão pensar ela não vitima apenas mulheres, vários homens foram também condenados a este tipo de morte por crimes de adultério, de violação, ou simplesmente por serem homossexuais.
Quinta-feira, 7 de Setembro de 2006
“A infância tem direito a cuidados e assistência especiais”. É isto que defende o preâmbulo da Convenção sobre os Direitos da Criança e é este ponto que está longe de se tornar uma realidade.
De acordo com um recente relatório publicado pela UNICEF, estima-se que em todo o mundo, cerca de 247 milhões de crianças sejam privadas de uma infância de liberdade, de inocência e de brincadeiras, sendo obrigadas a trabalhar. Estas crianças têm a sua infância perdida. Cerca de 73% (180 milhões) destas estão envolvidas nas piores e mais perigosas formas de trabalho, nas minas e com maquinaria. Dentre estas cerca de 6 milhões são escravizadas, e 2 milhões são forçadas a prostituírem-se.
Estamos aqui a falar de crianças com idades compreendidas entre os 4 e os 17 anos que, além de serem privadas do acesso à educação, são também vítimas de maus-tratos físicos e psicológicos e de abusos por parte dos seus supervisores.
Em Portugal, o número de crianças vítimas de exploração de trabalho infantil ronda os 50 000.
É verdade que em alguns casos são os menores que optam por trabalhar por não quererem continuar os seus estudos ou para ajudarem a economia das suas famílias, contudo, são muitas mais as crianças que são obrigadas a trabalhar. Cabe, por isso, aos governos dos vários países agilizar os meios que serão necessários para colocar um travão neste flagelo mundial. Nesta tarefa terão um papel igualmente preponderante os pais, os lideres comunitários, os sectores privados, a sociedade em geral. Tudo isto para que as crianças tenham o direito de serem crianças.